Trabalhar em equipe não é tarefa fácil e é uma das competências que, embora os profissionais digam com facilidade que possui, na prática, a realidade se […]
Trabalhar em equipe não é tarefa fácil e é uma das competências que, embora os profissionais digam com facilidade que possui, na prática, a realidade se mostra bem diferente. Para que uma organização funcione bem e dê resultados robustos, é preciso não apenas que o clima entre a equipe seja aprazível, mas principalmente que os colaboradores entendam que sem o outro não existe resultado final. É como se estivéssemos falando de uma engrenagem do motor que, se uma das peças falhar, o carro não poderá desempenhar seu papel.
É muito comum que gestores tenham que resolver conflitos entre subordinados porque as áreas não se conversam e não trabalham em conjunto, com cooperação. É corriqueiro ouvirmos a frase “Eu fiz minha parte e a entrega atrasou porque fulano não fez a dele” como se isso fosse um argumento plausível.
Cada vez mais as empresas estão tendo que estudar formas de transmitir a interdependência como um fundamento que deva ser perpetuado e colocado em prática. Ora, se um colaborador não fizer a parte dele, obviamente será ruim para ele, mas também será ruim para a empresa como um todo, que vai atrasar a entrega de um serviço e/ou produto, o que poderá comprometer seu faturamento e, consequentemente o futuro da equipe. Por isso, pensar apenas em suas tarefas e em sua área é um conceito ultrapassado que não se encaixa mais no modelo atual que as organizações precisam seguir.
Se a interdependência entre áreas é uma realidade e para que ela funcione o trabalho em equipe é fundamental, então, por que há tanto ruído assim entre as áreas/times/pessoas? Por que se investe tanto em treinamentos nesta área e ainda assim não se atinge a excelência? Em parte, por algumas questões ligadas à empresa, como estrutura enxuta em razão de custos reduzidos. Mas, na maioria das vezes, os principais motivos dizem respeito a falhas do comportamento humano.
Por exemplo, as pessoas tendem a se comunicar muito mal no ambiente corporativo. Geralmente, ninguém se importa se o outro compreendeu a mensagem que foi passada, o que foi pedido e o que se espera.
Feedbacks que deveriam ser recebidos com entusiasmo, sobretudo, se for construtivo, já que é uma oportunidade de melhoria, não são. Boa parte dos profissionais não gostam de receber críticas, ser contrariados e assumem a postura de vítima.
Outro problema comum no trabalho em equipe é deixar que interesses alheios ao objetivo de trabalho atrapalhem as entregas. Claro que a ideia é que todos os colaboradores contribuam um com os outros, mas não se pode priorizar o outro sem que sua parte esteja feita.
Por fim, ao término de um projeto, não se deve medir o resultado individualmente, mas sim da equipe como um todo. Essa é uma forma importante de mostrar para os colaboradores que a recompensa final (seja material ou não) só virá se o trabalho de todos for bem feito e integrado. Portanto, de nada adianta fazer somente a própria parte e não olhar se existe alguém necessitando de apoio.
Para resolver o abismo que existe entre o cenário ideal dentro de uma empresa e a realidade, há a necessidade de mudança de comportamento e isto requer tempo e determinação. A liderança deve estar atenta e constantemente vigilante. Além disso, têm de praticar os valores da empresa no dia-a-dia e não apenas tê-los em mente. O gestor dá o exemplo aos seus subordinados. Se ele demonstrar a necessidade de trabalho em equipe e de que forma isso contribui positivamente para o desenvolvimento dos negócios da companhia, certamente seus colaboradores tenderão a seguir seus passos.
Romulo Machado é Diretor Regional Sul, com mais de 25 anos de experiência profissional em empresas nacionais e multinacionais de varejo, tecnologia & telecomunicações e consultoria.