Transições que fortalecem: como tornar a saída executiva um ato de liderança

Transições de CEOs podem definir o futuro da organização. Artigo baseado na Harvard Business Review e na pesquisa da deBernt mostra como saídas bem planejadas fortalecem a estratégia, preservam a cultura e aumentam a confiança de stakeholders

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Transições de liderança são momentos decisivos na trajetória das organizações. A forma como um CEO deixa seu cargo pode impactar não apenas a continuidade dos negócios, mas também a cultura, a reputação e a confiança de stakeholders internos e externos. Em um ambiente empresarial cada vez mais volátil, a saída de um líder não deve ser vista como um simples encerramento de ciclo, mas como parte essencial da estratégia corporativa.

Essa perspectiva é reforçada pelo artigo publicado na Harvard Business Review por James Fulton e Kate Lye, que analisam como os últimos 100 dias de um líder têm o poder de definir tanto o futuro da organização quanto a reputação de quem se despede. Conduzir a saída com intenção e maturidade, segundo os autores, é um verdadeiro ato de liderança.
No Brasil,a pesquisa “Sucessão Executiva – Setembro 2025”, realizada pela empresa deBernt que é referência na consultoria estratégica de liderança e desenvolvimento executivo, aponta que 74% das empresas ainda não possuem processos estruturados para sucessões, evidenciando um ponto crítico: a falta de preparo para esse momento pode gerar instabilidade estratégica, queda na confiança e até perda de valor percebido pelos stakeholders.

Os riscos de uma saída mal conduzida

Fulton e Lye destacam que transições desordenadas corroem a confiança, desestabilizam a estratégia e geram impactos culturais que raramente entram nas contas financeiras. Entre os erros mais comuns estão a ausência de responsáveis claros pelo processo, decisões abruptas que pegam as equipes de surpresa, desalinhamento entre o conselho e o CEO, além de comportamentos do líder que deixam a sensação de sombra ou resistência à mudança.
Nesses cenários, surgem rumores, queda no moral das equipes e perda de foco no negócio. Para os líderes, o desgaste emocional é inevitável: o fim de um ciclo profissional também abala a identidade pessoal e exige um encerramento que raramente é planejado.

Quando a transição vira um legado

Em contraste, às saídas bem conduzidas reforçam valores, inspiram confiança e podem até reposicionar a estratégia da organização para a próxima fase. O artigo indica três domínios interligados que determinam a qualidade da transição: a preparação pessoal do líder, os sinais culturais transmitidos pela forma de saída e a capacidade de alinhar a transição ao novo capítulo estratégico da empresa.

Exemplos citados pelos autores mostram que CEOs que organizam a transferência de responsabilidades com antecedência, fazem gestos simbólicos que reforçam a cultura, como o “bastão de revezamento” usado por um executivo em fóruns públicos e mantêm um tom respeitoso e colaborativo, deixam um legado de continuidade e inspiração.

A perspectiva da deBernt sobre sucessão

A análise da deBernt reforça essa visão prática: empresas sem planejamento sucessório enfrentam maior rotatividade no alto escalão, ciclos de descontinuidade estratégica e perda de até 15% de valor percebido pelos stakeholders durante períodos de troca de comando. Os dados revelam que preparar a sucessão é investir na perenidade e na consistência cultural da organização, minimizando rupturas e assegurando a confiança em momentos de mudança.

O papel do conselho como guardião do processo

Os conselhos também são chamados a atuar como protagonistas. Ao definir narrativas coerentes, oferecer incentivos para saídas colaborativas e criar ritos de passagem, podem transformar um momento de ruptura em uma oportunidade de fortalecimento institucional. O artigo da HBR ressalta que a transição é também um ponto de inflexão estratégico, ideal para revisar rumos e sinalizar prioridades para acionistas e equipes.

Os últimos 100 dias revelam caráter

A arte de sair bem de um cargo executivo não é apenas sobre despedidas formais. Ela envolve clareza de propósito, generosidade com quem assume e compromisso com a perenidade do negócio.

Quando conduzidas com intenção e estrutura, as transições viram símbolos de liderança madura, reforçam valores e evitam rupturas desnecessárias. A pesquisa da deBernt demonstra que empresas preparadas para a sucessão conseguem preservar valor e confiança em períodos críticos, validando que investir na saída é tão estratégico quanto planejar a entrada de um novo líder.