O que vai mudar na gestão de pessoas em 2025: 5 tendências essenciais

Conheça as tendências do ecossistema Great People & GPTW em 2025.

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Imagine o seguinte cenário: a sua empresa está contratando, mas os candidatos simplesmente não aparecem. O clima organizacional anda tenso, os líderes estão sobrecarregados e a saúde mental da equipe virou uma preocupação urgente. Soa familiar? Esse é o retrato real de centenas de empresas brasileiras em 2025, revelado pelo mais recente relatório "Tendências de Gestão de Pessoas", produzido pelo Ecossistema Great People & GPTW.

Com base em respostas de mais de 2 mil gestores, o estudo se consolidou como um verdadeiro termômetro da gestão de pessoas no Brasil. Mais do que estatísticas, ele traz sinais claros de mudança no comportamento corporativo — e nos alerta para as decisões que precisam ser tomadas agora.

Para tal, trouxemos cinco insights poderosos que despontam como norteadores da área de Recursos Humanos em 2025. Da ascensão da saúde mental como prioridade estratégica até a crescente adoção de inteligência artificial sem preparo técnico, os dados revelam uma nova era de desafios — e oportunidades.

Prepare-se para repensar o futuro do trabalho. Essas tendências já estão moldando o presente.

Trabalho presencial em alta dificulta contratações qualificadas

O retorno aos escritórios não é mais apenas uma possibilidade — é uma realidade consolidada. Em 2025, 51% das empresas brasileiras operam em modelo 100% presencial. Parece um “voltar ao normal”, certo? Nem tanto.

O dado mais chocante: 70% dessas empresas afirmam ter dificuldade para preencher vagas em aberto. A comparação com os modelos híbrido (53%) e remoto (38%) revela um padrão claro — quanto mais rígido o formato de trabalho, maior a dor de cabeça para contratar.

Essa tendência expõe uma desconexão entre a realidade corporativa e os desejos dos profissionais, especialmente após anos de experiência com modelos mais flexíveis. Ao ignorar essa mudança cultural, muitas empresas estão construindo suas próprias barreiras de crescimento.

Liderança, saúde mental e comunicação são as prioridades absolutas

Se você perguntasse a qualquer RH brasileiro onde está o foco estratégico para 2025, ouviria três respostas: liderança, saúde mental e comunicação. Esses três pilares concentram os maiores investimentos das empresas — e não é por acaso.

O desenvolvimento de lideranças lidera o ranking, com 40% das empresas priorizando a capacitação de gestores. A saúde mental aparece logo atrás, com 31%, seguida de perto pela comunicação interna (27%).

O mais interessante? Esses temas também foram os maiores desafios enfrentados em 2024. Ou seja, as empresas estão correndo atrás do prejuízo. A conexão entre esses elementos é óbvia: líderes preparados se comunicam melhor — e promovem ambientes mais saudáveis.

Diversidade e inclusão enfrentam um retrocesso alarmante

Enquanto muitos temas avançam, um em especial está andando para trás: a diversidade e inclusão. Em pleno 2025, apenas 19% das empresas têm uma área dedicada ao tema. Mais da metade (51%) sequer destina orçamento para ações inclusivas. E 59% admitem ter baixa maturidade nas práticas de D&I.

O dado mais alarmante? O maior obstáculo para o avanço da pauta é engajar a liderança. Em tempos de ESG e cobrança social por representatividade, esse recuo é estratégico — e reputacionalmente — perigoso.

A desconexão entre discurso e prática não só afasta talentos diversos como também fragiliza a cultura organizacional. E pior: deixa marcas difíceis de apagar.

Saúde mental é prioridade, mas ainda falta estrutura real

Quase unanimidade: 99% dos respondentes dizem que a saúde mental é relevante para a gestão de pessoas. Mas quando o papo é investimento real, a história muda — apenas 59% das empresas têm orçamento para ações voltadas ao tema.

O cenário é de contradição. As iniciativas mais populares são palestras (55%) e treinamentos de liderança (48%), que, embora importantes, não bastam sozinhas. Pior: 35% das empresas reportaram aumento nos afastamentos por motivos emocionais.

Cuidar da saúde mental não é mais diferencial. É obrigação. E em 2025, tornou-se também questão de compliance com a nova NR-01 e a Lei 14.831, que reforçam a exigência de ações concretas de bem-estar.

Inteligência artificial cresce sem preparo técnico das equipes

A IA está, literalmente, em todo lugar. Segundo o relatório, metade das empresas já utiliza a tecnologia em atividades do dia a dia — principalmente em recrutamento (48%) e treinamento (30%). Mas há um problema invisível (e gigante): 59% das empresas não treinaram suas equipes para lidar com a tecnologia.

O resultado? Uso superficial, resistência silenciosa e perda de eficiência. É como comprar um carro de corrida e não ensinar o piloto a dirigir. Sem formação adequada, o risco é alto: decisões enviesadas, erros operacionais e desconfiança dos profissionais.

A IA pode ser a maior aliada estratégica do RH — desde que venha acompanhada de capacitação e propósito.

O relatório "Tendências de Gestão de Pessoas 2025" é mais do que um retrato do presente. Ele é um espelho das decisões que estamos prestes a tomar — e um mapa para onde precisamos ir. As empresas que desejam prosperar nos próximos anos terão de lidar com uma equação clara: flexibilidade, inclusão, bem-estar e inovação não são opcionais. São exigências do novo mundo do trabalho.

Se você atua em gestão de pessoas, comunicação interna ou liderança, este é o momento de agir. Invista no que importa. Questione suas práticas. E, acima de tudo, prepare sua organização para o futuro que já começou. Ignorar essas tendências é o mesmo que dirigir olhando apenas pelo retrovisor.