O idioma ainda faz diferença na contratação de líderes?

O domínio de idiomas, como o inglês, ainda é um diferencial para contratação de líderes em 2025? Com IA e globalização em alta, o artigo analisa quando essa habilidade realmente importa — e quando ela pode até ser um limitador. Descubra as vantagens, desafios e o novo papel do idioma na liderança executiva.

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Em um mundo globalizado e impulsionado por tecnologia, uma pergunta ganha relevância entre executivos de RH e lideranças corporativas: a fluência em idiomas estrangeiros, especialmente o inglês, ainda é decisiva na hora de contratar líderes? Com o avanço de soluções de tradução automática por IA, como o Google Translate e ferramentas integradas a plataformas corporativas, cresce a percepção de que o domínio técnico do idioma poderia ser, em breve, dispensável. No entanto, o cenário de negócios global continua exigindo mais do que compreensão literal de palavras — ele exige comunicação contextual, cultural e estratégica.

O inglês ainda é o idioma dos negócios

O inglês permanece como idioma oficial ou dominante em multinacionais com sede na América do Norte, Europa e Ásia-Pacífico. Mesmo em países com idiomas nativos diferentes, o inglês é o idioma-padrão para reuniões globais, relatórios executivos e negociações estratégicas internacionais.

Além disso, dados da plataforma LinkedIn mostram que, em 2024, 9 das 10 vagas de liderança com atuação internacional exigiam o inglês como competência mínima, especialmente em setores como tecnologia, finanças e supply chain. (LinkedIn Economic Graph)

A tecnologia resolve tudo?

A ascensão de ferramentas de tradução automática, incluindo aquelas embutidas em plataformas como Microsoft Teams, Slack e Zoom, sem dúvida, aumentou a fluidez na comunicação entre profissionais multilíngues. No entanto a comunicação executiva vai além da gramática: envolve nuances, tom de voz, negociação intercultural, construção de confiança e habilidade para ler “entrelinhas” — aspectos ainda pouco bem resolvidos pelas máquinas.

Ou seja, enquanto a tecnologia suporta, ela ainda não substitui as habilidades humanas na comunicação de alto nível. Isso é especialmente crítico em contextos de M&A, conselhos internacionais ou expansão de mercado, nos quais o idioma funciona como ponte cultural e estratégica.

Diversidade e inclusão: repensando a exigência linguística

Cada vez mais empresas vêm reconhecendo que a exigência de fluência absoluta em inglês pode limitar o acesso de talentos diversos a posições de liderança. Um exemplo concreto é o movimento de grandes companhias brasileiras como Ambev, Klabin e Itaú, que deixaram de exigir o inglês em seus processos seletivos como forma de ampliar a inclusão socioeconômica. Segundo reportagem do UOL, essas organizações passaram a oferecer cursos de idiomas como benefício após a contratação, apostando no desenvolvimento interno ao invés de excluir potenciais líderes com base em critérios linguísticos prévios. Essa tendência sinaliza uma mudança estratégica: mais do que fluência, o mercado valoriza hoje a capacidade de adaptação, escuta ativa e sensibilidade cultural como pilares de liderança. (UOL Economia – Empresas deixam de exigir inglês no currículo

Quando o idioma é, de fato, decisivo?

O domínio do inglês (ou outro idioma) segue sendo crucial em situações como:

  • Representação institucional internacional;
  • Negociações com clientes ou parceiros globais;
  • Participação em conselhos ou joint ventures multinacionais;
  • Gestão de times distribuídos globalmente;
  • Liderança de projetos com matriz em outro país.

Por outro lado, em organizações de atuação local ou regional, com stakeholders unicamente nacionais, o peso do idioma pode ser relativizado — desde que compensado por competências de liderança, resultados e visão estratégica.

O que o mercado valoriza

Segundo o estudo deBernt Executive Intelligence 2025, visão estratégica e fit cultural são os dois critérios mais importantes para contratação executiva. O idioma aparece como habilidade complementar, especialmente relevante quando atrelado à atuação em ambientes multiculturais ou de expansão internacional.

Além disso, em empresas em processo de internacionalização, o idioma torna-se uma vantagem competitiva individual para o executivo que deseja liderar esse movimento. Nesses casos, a fluência não é apenas um “pré-requisito técnico”, mas uma ferramenta de protagonismo.

Prós e contras do domínio de idiomas

Vantagens
  • Acesso direto a conteúdos estratégicos globais;
  • Liderança em ambientes multiculturais;
  • Maior empregabilidade em grupos internacionais;
  • Potencial de protagonismo em expansão de negócios.
Limitações e desafios
  • Barreiras à diversidade quando exigido em excesso;
  • Perda de talentos locais altamente qualificados;
  • Pressão por fluência em detrimento de outras competências estratégicas.

Conclusão: Ainda faz diferença?

Sim, mas o contexto define o peso. O domínio de idiomas em 2025 permanece relevante, sobretudo em cargos de liderança com atuação global. No entanto, ele deixou de ser um diferencial técnico isolado para tornar-se parte de um conjunto de habilidades mais amplo: comunicação intercultural, adaptabilidade, visão internacional e empatia.

Líderes bilíngues seguem sendo valorizados — desde que também entreguem estratégia, resultados e valores alinhados à cultura organizacional. Para as empresas, isso significa mais do que recrutar por currículo: é necessário avaliar o idioma como um facilitador de impacto, e não como barreira ao talento.