Aline Rigo, sócia da deBernt, analisa como líderes desalinhados ao pipeline de liderança travam inovação e engajamento. Entenda o custo invisível de atuar no nível errado e como preparar transições eficazes para garantir resultados sustentáveis e fortalecer a competitividade.

Nas organizações, há líderes que inspiram e movimentam negócios e outros que, mesmo ocupando posições estratégicas, parecem sempre um passo atrás. A diferença, muitas vezes, não está no esforço ou na dedicação, mas no nível em que cada um está operando dentro do pipeline de liderança.
O Pipeline de Liderança 4.0 mostra que cada transição na carreira exige mais do que um novo cargo: demanda novas competências, mentalidade ajustada e a capacidade de abandonar práticas que funcionavam antes, mas já não cabem no estágio seguinte.
Aline Rigo, sócia da deBernt, reforça essa visão ao analisar como líderes desalinhados ao pipeline podem travar inovação, engajamento e a evolução natural das equipes, impactando diretamente a competitividade do negócio.
Quando a liderança trava
Imagine um gerente que ainda atua como coordenador: centraliza decisões, prefere “fazer sozinho” e evita delegar. O resultado é previsível, equipes estagnadas, processos engargalados e um gestor sobrecarregado.
Agora, pense em um diretor que ainda lidera como gerente: acompanha operações de perto, aprova cada detalhe e mede seu valor pelo controle, não pelos resultados sistêmicos. Essa postura não apenas limita o líder, mas também compromete toda a cadeia de valor da organização.
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O custo oculto de não evoluir
Quando líderes não fazem a transição correta, a empresa sofre impactos que raramente aparecem no orçamento, mas corroem resultados mês a mês:
- Decisões lentas porque o líder não delega.
- Talentos desmotivados que não encontram espaço para crescer.
- Inovação engavetada, já que a energia está toda no operacional.
- Sobrecarga hierárquica, em que os níveis acima compensam lacunas.
Esse “custo invisível” mina competitividade e cria uma cultura de dependência e microgestão.
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Por que isso acontece?
A maioria dos líderes é promovida pelo desempenho no nível anterior, mas não preparada para os desafios do próximo. A transição exige:
- Deixar habilidades para trás: o que funcionou antes não garante sucesso adiante.
- Adquirir competências estratégicas: como visão sistêmica e influência política.
- Mudar a mentalidade sobre controle e confiança: liderar não é saber tudo, mas criar condições para que outros saibam.
Sem suporte adequado, o descompasso se instala e o efeito dominó atinge toda a organização.
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Como corrigir antes que seja tarde
Empresas de alta performance entendem que a preparação precisa começar antes da promoção. Isso inclui:
- Mapear o pipeline de liderança com clareza.
- Desenvolver competências chave para cada transição.
- Estruturar feedbacks que identifiquem desalinhamentos cedo.
- Oferecer coaching e mentoring para acelerar a adaptação.
Com preparo, o custo é menor e o impacto no negócio é exponencial.
"Você está operando no nível de liderança certo para o seu cargo ou ainda preso ao degrau anterior"?
Responder a essa pergunta exige honestidade e coragem, mas é o primeiro passo para evoluir. Liderança não é apenas conquistar o cargo certo, mas transformar-se continuamente para estar preparado para ele. Cada transição demanda abrir mão do que funcionou no passado, adotar novas competências e abraçar um olhar mais amplo sobre pessoas, resultados e futuro.
Ignorar esse movimento tem um custo invisível, mas real: equipes desmotivadas, decisões lentas, inovação engavetada e uma cultura que trava o crescimento. Mais cedo ou mais tarde, a fatura chega e ela não cobra apenas do líder, mas de toda a organização.
No jogo da liderança, avançar de nível não é opcional. É a diferença entre ser um gestor que sobrevive às demandas do presente ou um líder capaz de preparar o terreno para o futuro.