O gerente de operações é o novo arquiteto da estratégia dentro das empresas.

Nos últimos anos, o cargo de gerente de operações passou por uma transformação profunda. O que antes era um papel técnico, voltado exclusivamente à eficiência interna, hoje ocupa uma posição estratégica que exige visão de negócios, domínio digital, capacidade analítica e liderança colaborativa. Em 2025, esse profissional está no centro das decisões mais relevantes das organizações — aquelas que envolvem agilidade, resiliência, tecnologia e sustentabilidade.
As áreas de Operações e Supply Chain estão entre as mais demandadas por empresas que buscam não apenas produtividade, mas também segurança, rastreabilidade, flexibilidade e impacto sustentável. A função evoluiu para um eixo estrutural da competitividade empresarial, com influência direta nos resultados e na reputação das companhias. De acordo com o estudo deBernt Executive Intelligence 2025, Operações/Supply Chain aparecem como a segunda área com maior intenção de contratação para o ano, reforçando a relevância estratégica do cargo.
Transformação digital não é mais diferencial — é pré-requisito
A digitalização tornou-se a base da gestão operacional. Ferramentas como automação de processos, ERP em nuvem, inteligência artificial e analytics passaram a integrar a arquitetura central das empresas. Mais do que conhecer essas tecnologias, o gerente de operações precisa aplicá-las estrategicamente, garantindo escalabilidade, fluidez e visibilidade em tempo real.
No entanto, a principal barreira ainda não é técnica, e sim cultural. Em muitas organizações, a velocidade das mudanças tecnológicas não acompanha a evolução da mentalidade interna. Liderar esse processo exige domínio técnico, mas também habilidade para conduzir mudanças profundas, mobilizando equipes de forma transversal rumo a uma nova lógica operacional.
Resiliência e eficiência na cadeia de suprimentos são vitais
A cadeia de suprimentos tornou-se um dos principais vetores de risco e vantagem competitiva nas empresas. Desde a pandemia, ficou claro que manter a operação funcional em cenários adversos é um diferencial crítico. Por isso, o gerente de operações deve ir além da gestão logística convencional: precisa redesenhar fluxos, antecipar gargalos e coordenar múltiplos fornecedores com agilidade e visão sistêmica.
Nesse contexto, ele deixa de ser um executor tático para se tornar o arquiteto de soluções resilientes. A capacidade de diversificar fornecedores, reagir a disrupções e coordenar ecossistemas complexos passou a ser altamente valorizada. Hoje, a previsibilidade operacional e a colaboração com parceiros logísticos têm o mesmo peso estratégico que a eficiência de custos.
Critérios de contratação estão mais analíticos e digitais
A forma de selecionar executivos para cargos operacionais também mudou. Os processos estão mais técnicos e alinhados à cultura organizacional. O mercado busca evidências concretas de transformação conduzida pelos candidatos, com histórico de resultados e domínio de ferramentas digitais aplicadas à gestão.
A fluência analítica tornou-se indispensável. Espera-se que o gerente de operações interprete dados com profundidade, construa painéis de controle eficazes e contribua com decisões ágeis e fundamentadas. Não se trata apenas de “conhecer o chão de fábrica”, mas de liderar com visão integrada, antecipar tendências e influenciar decisões além de sua área.
Competências mais valorizadas incluem adaptabilidade e liderança analítica
O gerente de operações de hoje precisa ser um líder adaptável. Vivemos um cenário em que planos mudam rapidamente, modelos de trabalho evoluem e decisões precisam ser tomadas com base em dados concretos. Por isso, competências como adaptabilidade, agilidade e inteligência emocional estão no centro das exigências para esse perfil.
Mais do que técnico, espera-se um profissional capaz de conduzir equipes diversas, fomentar inovação contínua e liderar transformações em ambientes incertos. A combinação entre repertório técnico e sensibilidade humana tornou-se indispensável para manter a equipe engajada, os indicadores sob controle e a estratégia em movimento.
ESG e sustentabilidade operacional ganham protagonismo
A operação deixou de ser apenas um centro de produtividade. Ela também se tornou um pilar de responsabilidade. O gerente de operações passou a responder por metas ligadas à sustentabilidade, eficiência energética, rastreabilidade e gestão de resíduos — especialmente em setores como saúde, alimentos e indústria.
Essa mudança tem sido impulsionada por exigências regulatórias, expectativas de investidores e demandas de consumidores. Ainda que ESG não esteja no topo das prioridades em todos os processos seletivos, empresas cada vez mais valorizam executivos que integram impacto socioambiental aos indicadores operacionais, transformando sustentabilidade em estratégia.
Líderes que enxergam o ESG como parte da entrega — e não apenas como obrigação — estão mais bem posicionados para impulsionar o crescimento com responsabilidade e garantir a longevidade da reputação corporativa.
O gerente de operações em 2025 é, ao mesmo tempo, estrategista, integrador de tecnologias, líder de equipes diversas e guardião da sustentabilidade. Atua na linha de frente da transformação empresarial, conectando inovação com consistência, e adaptando rotas sem perder o foco em performance. A função exige equilíbrio raro entre análise e ação, empatia e execução, estrutura e flexibilidade. Espera-se visão ampliada, capacidade de escuta, inteligência emocional e, acima de tudo, coerência entre o que se fala e o que se entrega.
Neste cenário, empresas que desejam atrair e reter esses profissionais precisarão oferecer mais do que pacotes competitivos: devem entregar propósito, espaço para desenvolvimento e autonomia real. Já os profissionais que almejam ocupar essa posição precisarão expandir suas habilidades, alimentar a curiosidade e construir uma visão sistêmica.
Liderar, em 2025, é mais do que fazer funcionar — é fazer sentido. Em um mundo cada vez mais instável, serão os líderes operacionais que unirem pensamento crítico, visão humana e disciplina de execução que sustentarão o crescimento com propósito. Porque o futuro da operação não será apenas automatizado — ele será, acima de tudo, bem liderado.