Encantar como estratégia: o poder da experiência no ambiente corporativo

A experiência no ambiente corporativo tornou-se uma variável estratégica de impacto direto em engajamento, produtividade e retenção. Com base em estudo global da Sodexo e artigo publicado na HSM Management, o conteúdo analisa como a hospitalidade corporativa, a conveniência e a cocriação redefinem o papel do escritório, transformando o trabalho em uma jornada de experiências que sustenta resultados e inspira permanência.

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No debate contemporâneo sobre produtividade, retenção e engajamento, um dado chama atenção pela sua contundência: o baixo engajamento pode custar até US$ 8,9 trilhões à economia global. O número, divulgado pela Gallup e incorporado ao estudo global Cocriando Experiência no Ambiente de Trabalho, conduzido pela Sodexo, expõe um ponto central, a experiência vivida pelas pessoas no trabalho deixou de ser periférica e passou a ser uma variável estratégica de impacto direto nos resultados.

A partir de artigo publicado na HSM Management por Hamilton Quirino, vice-presidente de Operações da Sodexo Brasil, o tema da hospitalidade corporativa ganha densidade analítica. Com trajetória construída em posições de liderança operacional, comercial e estratégica, Quirino articula dados, observação prática e visão de longo prazo para defender uma tese clara: o ambiente de trabalho não pode mais ser tratado apenas como infraestrutura, ele precisa ser desenhado como experiência.

O trabalho como jornada, não como espaço físico

Durante décadas, o escritório foi sinônimo de controle, presença e hierarquia. Esse modelo, porém, perdeu aderência em um contexto no qual profissionais passaram a ter mais poder de escolha sobre onde e como trabalham. O desafio das organizações deixou de ser “trazer pessoas de volta” e passou a ser criar motivos legítimos para que elas queiram estar ali.

Nesse novo cenário, o escritório se transforma em um ecossistema que integra tecnologia, hospitalidade e propósito. Não se trata de estética ou conforto superficial, mas de repensar o trabalho como uma jornada contínua de experiências que simplificam o dia a dia, fortalecem vínculos e sustentam engajamento real.

Hospitalidade corporativa como alavanca de engajamento

O estudo da Sodexo identifica três tendências que já se consolidam em empresas mais maduras: flexibilidade, bem-estar personalizado e conexão com propósito. Modelos híbridos e horários flexíveis são apenas o ponto de partida. O diferencial está na capacidade de antecipar necessidades e reduzir fricções ao longo da jornada do colaborador.

Na prática, isso se traduz em soluções aparentemente simples, mas estrategicamente relevantes, como micromercados, cafés integrados e áreas de convivência bem planejadas. Os dados mostram que 17% dos colaboradores afirmam que iriam mais ao escritório se a alimentação fosse gratuita ou subsidiada. Alimentar bem deixa de ser um benefício acessório e passa a ser uma forma concreta de cuidado, com impacto direto na frequência, no humor organizacional e no engajamento.

Conveniência, bem-estar e o custo invisível do presenteísmo

A experiência no trabalho não se limita a oferecer boas refeições ou ambientes agradáveis. Ela envolve fluidez, previsibilidade e atenção contínua aos detalhes que afetam corpo e mente. Quando essas dimensões são negligenciadas, surge um fenômeno silencioso e caro: o presenteísmo.

O colaborador está fisicamente presente, mas emocionalmente distante, operando abaixo de seu potencial. Combater esse quadro exige mais do que discursos motivacionais. Exige ambientes que favoreçam energia, foco e pertencimento. Quando o estar presente se torna genuíno, os ganhos aparecem em produtividade, qualidade de entrega e retorno sobre investimento.

Cocriação como fundamento de pertencimento

Outro ponto central destacado por Quirino é a mudança de expectativa das novas gerações. Elas não buscam apenas narrativas inspiradoras, mas coerência e participação real. A cocriação surge, então, como um instrumento poderoso de engajamento.

O escritório da Sodexo em Porto Alegre ilustra essa lógica. O espaço foi concebido a partir de um processo colaborativo, envolvendo um time multidisciplinar. O resultado vai além do layout: quando as pessoas se reconhecem no ambiente em que trabalham, o espaço deixa de ser funcional e passa a ser simbólico. O sentimento de pertencimento fortalece vínculos, eleva o orgulho e conecta o indivíduo a um propósito compartilhado.

Inspirar permanência é o novo diferencial competitivo

Empresas que se preparam para o futuro compreenderam que cada detalhe importa. Design, iluminação, temperatura, alimentação e áreas de convivência não são decisões operacionais isoladas, mas partes de uma estratégia maior de experiência.

Criar expectativa positiva em relação ao ambiente de trabalho tornou-se um desafio central para organizações que desejam se diferenciar em um mercado cada vez mais competitivo por talentos. O futuro do trabalho não pertence a quem impõe presença, mas a quem inspira permanência, transformando o cotidiano em experiência e a experiência em vantagem estratégica.