Desenvolvimento profissional como estratégia de engajamento

O que a liderança espera das organizações?

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Em um mercado de alta competitividade e mudanças rápidas, o desafio de engajar executivos não pode mais ser tratado com ações genéricas. Hoje, a expectativa das lideranças vai além da remuneração ou da reputação da empresa — ela passa diretamente pelo quanto a organização investe em desenvolvimento.

A pesquisa Executive Intelligence 2025, realizada pela deBernt, revelou um dado expressivo: 48,8% dos executivos priorizam o desenvolvimento profissional ao considerar uma mudança de carreira.

Esse número nos convida a refletir sobre um ponto essencial: o desenvolvimento não é mais um diferencial — é uma condição estratégica para permanência e engajamento.

E não é um dado isolado. Segundo um estudo global da McKinsey & Company, empresas com programas robustos de desenvolvimento de liderança têm 1,5x mais chance de apresentar crescimento financeiro acima da média do setor. Já a Gallup mostra que colaboradores que veem oportunidades claras de crescimento profissional são 2,9 vezes mais propensos a se manterem engajados em seus empregos.

Desenvolvimento como critério de permanência

Durante muito tempo, falar em desenvolvimento profissional estava associado a treinamentos pontuais ou benefícios complementares. Hoje, para líderes em posição estratégica, o desenvolvimento se tornou um fator relevante na relação entre executivo e organização.

Executivos desejam clareza de rumo, desafios proporcionais à sua maturidade e apoio concreto para evoluir. Eles buscam ambientes onde seu crescimento pessoal e profissional seja incentivado de maneira estruturada — e percebem rapidamente quando esse compromisso não existe.

Por que nutrir o pipeline de liderança?

Ao priorizar desenvolvimento profissional, os executivos estão, de forma indireta, expressando uma expectativa por:

  • Evolução contínua de competências;
  • Preparação para novos níveis de complexidade;
  • Reconhecimento do seu potencial de contribuição;
  • Visibilidade sobre o futuro da sua carreira dentro da empresa.

Ou seja, nutrir o pipeline de liderança deixou de ser uma iniciativa de RH para se tornar uma alavanca de engajamento organizacional. E aqui trago um ponto importante: Gosto de usar o termo nutrir o pipeline de liderança, em vez de reter talentos. Nutrir carrega uma ideia de cuidado, construção e evolução conjunta. Reter, por vezes, soa como contenção. Quem nutre, inspira permanência. Quem retém, evita a saída.

Programas de desenvolvimento como estratégia de engajamento

Quando bem estruturado, o desenvolvimento executivo comunica algo poderoso:“Você é valioso aqui — e temos um plano para o seu crescimento.”

Esse tipo de mensagem não apenas fortalece o vínculo entre o executivo e a organização, como também:

  • Potencializa o desempenho da liderança;
  • Prepara sucessores com base estratégica;
  • Garante continuidade na cultura de gestão;
  • Inspira senso de pertencimento e protagonismo.

Empresas que nutrem suas lideranças não precisam conter rotatividade: elas criam ambientes onde as pessoas desejam permanecer.

O que torna um programa de desenvolvimento relevante?

Um programa de desenvolvimento eficaz precisa ser mais do que uma grade de cursos. Ele deve ser personalizado, estratégico e vinculado ao momento de carreira do executivo. Alguns elementos-chave incluem:

  • Diagnóstico individualizado de perfil e potencial;
  • Mapeamento de gaps em relação ao próximo nível de liderança;
  • Feedbacks estruturados e recorrentes;
  • Acompanhamento com ferramentas práticas e orientação estratégica;
  • Integração com os objetivos do negócio.

Além disso, o aprendizado precisa acontecer no fluxo de trabalho — com mentorias, coaching e projetos que desafiem o líder a sair do automático.

Cultura de desenvolvimento: mais que uma iniciativa, um valor

Empresas que se destacam no engajamento de líderes não tratam o desenvolvimento como um evento, mas como parte da cultura. Isso significa:

  • Envolver a liderança sênior como patrocinadora do processo;
  • Integrar desenvolvimento às discussões de sucessão e estratégia;
  • Celebrar a evolução profissional como parte do sucesso organizacional;
  • Medir não apenas conhecimento adquirido, mas comportamento transformado.

Quando o desenvolvimento se torna um valor, ele deixa de ser custo e passa a ser investimento — com retorno em engajamento, consistência e inovação.

Conclusão: nutrir é evoluir junto

O dado da Executive Intelligence 2025 é claro: 48,8% dos executivos estão dispostos a mudar de empresa para crescer profissionalmente.

Isso mostra que as organizações que desejam manter seus talentos estratégicos precisam, mais do que reter, nutrir — com intenção, método e visão de longo prazo.

Porque no fim das contas, quem nutre com consistência, inspira permanência. E quem cresce junto, constrói legado.