Equipes de alto desempenho dependem da coragem para enfrentar verdades difíceis e da conexão para gerar confiança. A pesquisa sobre a “cultura dos últimos 8%”, publicada na Harvard Business Review, mostra que times de sucesso são aqueles que unem cuidado humano e coragem para arriscar, transformando feedback, inovação e colaboração em vantagem estratégica.

De acordo com artigo publicado na Harvard Business Review, equipes de alta performance não se destacam apenas por processos eficientes ou metas claras, mas pela capacidade de assumir riscos inteligentes. Falar verdades incômodas, tomar decisões difíceis e enfrentar conversas desafiadoras são atitudes essenciais para alcançar resultados consistentes, mas que, biologicamente, os seres humanos tendem a evitar.
O desafio do risco no ambiente corporativo
Estudos liderados por JP Pawliw, do Instituto de Saúde e Potencial Humano, revelam um dado simbólico: em média, profissionais deixam de expressar 8% do que realmente pensam em interações críticas. Esse percentual aparentemente pequeno, os “últimos 8%”, concentra justamente as verdades mais difíceis e as decisões mais impactantes. Quando omitidas, limitam a inovação, a velocidade de execução e a maturidade das equipes.
Coragem e conexão: os dois pilares
A pesquisa mostra que a cultura de um time pode favorecer ou bloquear a disposição para assumir riscos. Três tipos de ambientes organizacionais se mostraram recorrentes:
- Cultura familiar (alta conexão, baixa coragem): equipes coesas, mas que evitam confrontos, mantêm padrões medianos e têm dificuldade de decidir.
- Cultura transacional (baixa conexão, alta coragem): foco em resultados imediatos, mas com pouco cuidado nas relações, levando a esgotamento e alta rotatividade.
- Cultura baseada no medo (baixa conexão, baixa coragem): marcada pela imprevisibilidade, ansiedade e silêncio diante de problemas.
No extremo oposto, surge a cultura dos últimos 8%, onde alta conexão e alta coragem se combinam. Nesse ambiente, há confiança, feedback franco e senso de pertencimento. As pessoas se sentem seguras para se arriscar, propor ideias e responsabilizar colegas, pilares para a inovação sustentável.
O papel da liderança
Para chegar a esse estágio, líderes precisam criar espaços de confiança e vulnerabilidade. Isso inclui abrir conversas sobre a cultura atual da equipe, reconhecer suas próprias falhas e assumir compromissos visíveis de mudança. Não se trata de eliminar o conflito, mas de transformá-lo em combustível para aprendizado e colaboração.
Mais do que performance: um ambiente humano e produtivo
Equipes de alto desempenho não se formam apenas com processos bem estruturados ou metas ambiciosas, mas na capacidade de lidar com aquilo que normalmente é evitado: conversas difíceis, decisões arriscadas e feedbacks sinceros. A cultura dos últimos 8% mostra que é justamente nesse espaço de desconforto que surgem as maiores oportunidades de aprendizado, inovação e crescimento coletivo.
Construir esse ambiente exige líderes preparados para combinar cuidado humano e responsabilidade clara, estimulando tanto a confiança quanto a coragem. Quando isso acontece, os riscos deixam de ser ameaças e passam a ser motores de transformação, criando times mais resilientes, criativos e prontos para sustentar vantagem competitiva mesmo em contextos de alta incerteza.