Pesquisa recente revela que captar investimentos cedo demais pode limitar a inovação das startups. O estudo analisou 11.853 empresas e concluiu que o momento do aporte, o perfil do investidor e a liberdade para experimentar são fatores críticos para o sucesso e a sustentabilidade do negócio.
deBernt
Em um cenário onde cada decisão pode determinar o sucesso ou fracasso de uma startup, entender quando captar recursos tornou-se tão importante quanto o valor dos aportes. O caso da Color Labs, que recebeu milhões antes mesmo de lançar seu produto e sucumbiu à pressão por crescimento rápido, é um exemplo claro desse dilema.
De acordo com uma pesquisa recente conduzida por Harsh Ketkar, da Universidade do Texas em Austin, e Maria Roche, da Harvard Business School, e publicada pela Harvard Business Review, startups que recebem grandes investimentos muito cedo tendem a experimentar menos, inovar menos e assumir menos riscos tecnológicos. Ao contrário, aquelas que captam em um estágio posterior conseguem amadurecer produtos, testar combinações tecnológicas mais ousadas e alinhar melhor expectativas com investidores.
Por que o timing importa
A análise de 11.853 empresas de tecnologia mostrou que aportes antecipados demais podem acelerar a busca por escala, mas limitam a liberdade de experimentar. Investidores com foco em retorno rápido pressionam por resultados imediatos, enquanto aqueles com visão de longo prazo tendem a permitir ciclos de inovação mais saudáveis.
Além disso, o estudo revelou que investidores com histórico em empresas inovadoras são mais propensos a valorizar flexibilidade e a tolerar riscos, fatores essenciais para que startups construam produtos disruptivos antes de crescer.
Lições para empreendedores
A pesquisadora Maria Roche recomenda que fundadores façam três perguntas antes de aceitar novos investidores:
- Este investidor compartilha meu apetite por experimentação?
- Há alinhamento entre sua estratégia de saída e a visão da empresa?
- Ele tem histórico de apoiar startups inovadoras?
Responder a essas questões ajuda a equilibrar momento, perfil do investidor e liberdade criativa, elementos que definem o futuro da inovação na empresa.
Captar cedo demais pode parecer vantajoso, mas a pesquisa mostra que isso frequentemente encurta os ciclos de experimentação e reduz a capacidade da startup de criar soluções realmente diferenciadas. Ao priorizar velocidade em detrimento da inovação, muitas empresas sacrificam a oportunidade de testar hipóteses, amadurecer modelos de negócio e construir diferenciais competitivos antes de escalar.
Por outro lado, startups que planejam o momento certo para captar recursos e escolhem investidores alinhados a uma visão de longo prazo não apenas fortalecem sua capacidade de inovar, mas também criam bases sólidas para crescer de forma sustentável, equilibrando expectativas de retorno com liberdade para experimentar, errar e evoluir.