A nova liderança dos CEOs em tempos de inteligência artificial

A inteligência artificial está redefinindo o papel dos CEOs em todo o mundo. Longe de substituir a liderança, a tecnologia exige preparo técnico, visão estratégica e sensibilidade humana. CEOs que adotam uma postura ativa no uso da IA ampliam suas capacidades de tomada de decisão e promovem transformação cultural em suas empresas. Com base no artigo da KPMG, o novo CEO deve atuar como catalisador da inovação, incorporando a IA como ferramenta estratégica, mas mantendo como diferenciais insubstituíveis sua criatividade, ética e liderança situacional.

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Transformação tecnológica exige uma nova postura executiva: mais preparo técnico, visão estratégica e sensibilidade humana.

Em um cenário global cada vez mais moldado pela tecnologia, a ascensão da inteligência artificial (IA) deixou de ser uma promessa futura para se tornar um fator estrutural no presente. Para os CEOs, essa nova realidade não implica substituição, mas transformação. A liderança executiva do futuro não será medida apenas pela capacidade de tomar decisões estratégicas, será marcada pela habilidade de integrar a tecnologia com o propósito humano.

Segundo o artigo “A nova liderança dos CEOs em tempos de inteligência artificial”, publicado pela KPMG, a IA representa uma inflexão comparável à revolução provocada pela internet. No entanto, com um impacto ainda mais profundo, ela redefine funções, modelos de gestão e o próprio papel da alta liderança nas empresas.

Da orquestração à experimentação

Se no passado o CEO era o arquiteto das estratégias e da governança, hoje ele também é um catalisador da inovação digital. A liderança eficaz passa a exigir domínio não apenas do mercado, mas também de soluções como IA generativa, automação de processos e análise de dados em tempo real.

Estudos revelam que 43% das empresas brasileiras já utilizam IA estrategicamente. Ainda mais significativo é que 61% dos CEOs priorizam sua própria capacitação em IA, de acordo com levantamento da Cisco. Isso demonstra uma mudança no modelo mental da liderança, que parte do exemplo, mas que também deve irradiar uma cultura de transformação em toda a organização.

Tecnologia nas mãos da liderança

Ferramentas como o ChatGPT estão sendo adotadas diretamente por alguns CEOs (7%, segundo o Gartner), não apenas como recurso operacional, mas como meio de experimentar e entender a tecnologia com profundidade. O uso pessoal reflete o esforço de tornar decisões mais ágeis e menos dependentes de filtros técnicos.

Contudo, essa incorporação não está isenta de riscos. Questões como privacidade de dados, qualidade das respostas e governança dos modelos de IA ainda são pontos sensíveis que precisam ser monitorados com rigor sob responsabilidade da alta liderança.

Automatizar não é substituir

Há uma linha clara entre o que pode ser automatizado e o que permanece essencialmente humano. Tarefas repetitivas e análises podem ser otimizadas por IA, mas a tomada de decisão estratégica, a liderança situacional e o julgamento ético permanecem competências insubstituíveis.

Essa perspectiva é corroborada por dados da edX, que indicam que 47% dos executivos acreditam que a maioria das funções de um CEO poderia ser automatizada. A questão central, no entanto, não está na substituição, e sim na ampliação das capacidades humanas com o suporte de tecnologia.

Do ganho de produtividade à criação de valor

Apesar de 86% dos CEOs enxergarem na IA um caminho para ampliar receitas, segundo o Gartner, a maioria ainda a utiliza com foco em eficiência operacional, e não como alavanca para novos modelos de negócio.

Esse cenário abre uma oportunidade estratégica: migrar de uma visão tática para uma aplicação transformacional da IA, explorando caminhos em ESG, ética aplicada, transparência algorítmica e inovação em produtos e serviços.

O CEO como arquiteto da nova cultura organizacional

O líder de 2025 não é substituível por um algoritmo. Ele é um profissional que combina visão sistêmica, repertório técnico e sensibilidade humana. A tecnologia será cada vez mais uma extensão de sua liderança, tornando decisões mais informadas, estratégias mais ousadas e organizações mais adaptáveis.

Nesse novo contexto, o protagonismo dos CEOs será definido pela capacidade de guiar suas empresas com responsabilidade, empatia e preparo técnico para explorar todo o potencial da IA, sem abrir mão da ética, do propósito e da inteligência emocional.