Grandes mudanças são disruptivas para as pessoas e para a organização

Todo cenário de mudança, seja em qual contexto for, mudança de residência, de emprego, de cidade, perturba o sentimento de controle que as pessoas desenvolvem ao […]

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Todo cenário de mudança, seja em qual contexto for, mudança de residência, de emprego, de cidade, perturba o sentimento de controle que as pessoas desenvolvem ao logo da vida. Essa jornada emocional que ultrapassa a dimensão física do novo ambiente exige um tempo de adaptação, e é onde entra em ação a competência de cada indivíduo em lidar com mudanças. Mas afinal, qual é o papel do RH nas mudanças organizacionais e como podemos ter uma atuação estratégica, mantendo o foco na assertividade do negócio, e ao mesmo tempo dar suporte para as demandas relacionadas a pessoas?

O RH, como área parceira, tem como missão ajudar na sustentação do negócio, pois é ele que atua na disseminação da estratégia de cultura da organização, uma vez que possui a expertise sobre o comportamento humano. Porém, para que tenha êxito nesta missão, deve primordialmente entender qual é a sua responsabilidade dentro do processo e para onde deve olhar primeiro. A forma como o RH está posicionado na estrutura da organização pode causar um impacto significativo na forma como as mudanças organizacionais são conduzidas, e este desafio já começa na porta de entrada da empresa, no recrutamento e seleção de profissionais que possuam perfil congruente com o ambiente onde será inserido. Da mesma forma que, sendo o RH um importante agente de mudanças organizacional, pode, com a sua influência nas pontas, apoiar, reforçar ou boicotar um processo de mudanças.

Analisando por este ponto de vista, pode-se afirmar também que a exigência sobre os gestores vem aumentando sobremaneira ao longo dos anos. E essas exigências trazem consigo a necessidade de constante desenvolvimento do corpo gestor, de forma que eles possam contribuir de maneira positiva para a manutenção de uma organização competitiva. Neste cenário de transformação, competências como capacidade de adaptabilidade, flexibilidade e receptividade, tornam-se essenciais para que as organizações obtenham sucesso. O desenvolvimento de competências individuais possui um papel fundamental na medida em que contribui para a formação das pessoas e para a mudança de atitude em relação às práticas de trabalho, ou mesmo para a percepção da realidade, buscando agregar valor à organização. Esses elementos fundamentais para o alcance dos objetivos organizacionais.

Podemos concluir então que, considerando um time de gestão envolvido com todas as iniciativas de mudança organizacional, que sejam capacitados em suas competências individuais para suportar as equipes de trabalho, que compreendem as mudanças de comportamentos, habilidades e atitudes a que seus colaboradores serão submetidos, teremos sempre melhores práticas de condução de mudanças organizacionais.

A força e o comprometimento dos líderes para atuar como uma rede consistente é crucial para que os colaboradores sintam que seu ambiente de trabalho apoia a sua atuação e lhe proporciona desenvolvimento. Essa mesma rede de liderança será precursora do cascateamento das competências consideradas facilitadoras ao gerenciamento dos processos de mudança organizacional. O líder que sabe fazer, inspira e ensina pelo exemplo.

Por outro lado, quando não temos um RH parceiro nas iniciativas de mudança, ou que de certa forma não se envolve neste cenário, pode causar para a organização um alto impacto no custo, tempo de resposta e recursos necessários para que qualquer mudança seja implementada. O RH deve sempre estar confortável na transição e envolvido em toda a mudança organizacional que ocorre na empresa. Se isso não acontece, a mudança tarda a engatar e muitas vezes não é sustentável. Além disso, lidar com a gestão emocional e clima organizacional que envolve qualquer iniciativa de mudança é tarefa do RH por conceito.

O desenvolvimento de competências que envolvem mudança é uma poderosa ferramenta de gestão, pois promove habilidades que permitirão as intervenções comportamentais assertivas na medida em que nossos colaboradores são desenvolvidos, e tornam-se capazes de alavancar os resultados com o dinamismo e a força necessária para o sucesso dos projetos.

Criar um comprometimento de longo prazo para a mudança é um dos principais desafios para a entrega de uma mudança de sucesso. Quando as preocupações das pessoas e suas reações são efetivamente tratadas, elas estarão comprometidas a trabalhar de novas maneiras – e a mudança vai finalmente acontecer. A cultura da mudança então passa a ser entendida como parte da cultura organizacional, e nesse sentido, todas as iniciativas serão sempre bem-sucedidas.

 

Fernanda Lou M. Pinatti é Coach e Gestora de RH com mais de 12 anos de experiência em indústrias farmacêuticas e distribuidoras de grande porte.